O crescimento do comércio eletrônico e a presença cada vez maior das redes sociais na vida das pessoas estão trazendo à tona, mais uma vez, uma antiga discussão. Os clientes estão mesmo dispostos a trocar a experiência de compra em uma loja real por uma negociação eletrônica? A internet vai substituir o varejo físico?
De fato, o comércio eletrônico tem crescido no Brasil, evoluindo cada vez mais com o surgimento de novas tecnologias. E, apesar das dificuldades, tem conseguido avançar. A principal delas é a falta de regulamentação. Ao contrário de outros países, como os Estados Unidos, que possuem leis específicas desde o início dos anos 2000, no Brasil ainda não existe uma legislação que regulamente, de forma profunda, abrangente e profissional, o comércio eletrônico, o que ainda gera insegurança nesse tipo de transação. A precária infraestrutura logística num país tão grande também pode ser considerada outra fraqueza.
Apesar disso, o comércio eletrônico é um universo em expansão. De pequenas lojas que existem apenas no ambiente digital a grandes marcas do varejo, é cada vez maior o número de empresas que têm investido na conveniência e praticidade desse modelo de vendas.
A discussão sobre quem vai ganhar essa batalha pela preferência do consumidor — se o varejo tradicional ou o on-line — não é nova. Está presente desde o início do boom do comércio eletrônico, no final dos anos 1990. Já naquela época, começou-se a falar em varejo multicanal, um conceito fundamental para compreender esse fenômeno. A ideia é que as empresas devem usar vários canais (loja e não loja), de forma articulada, para atender os clientes e aumentar as vendas.
O cenário atual só reforça esse conceito. Hoje, os clientes estão ainda mais bem informados, conectados praticamente em tempo integral nas redes sociais e demandando, cada vez mais, conveniência na aquisição de produtos e serviços. Esses novos elementos têm exercido uma importante influência na elaboração do projeto e no planejamento do mix dos shoppings e no formato das novas lojas-âncora e satélite. Os shoppings estão ofertando mais lazer, entretenimento, serviços e conveniência. Os canais do varejo multicanais agora são onipresentes para atender às necessidades do cliente. Alguns até acham que os shoppings funcionam como uma espécie de rede social off-line, já que, além de produtos e serviços, também ofertam um saudável ambiente de convivência social.
Todas essas novidades são uma grande oportunidade para o segmento de shopping centers. Estruturada e amadurecida, a indústria de shoppings no Brasil acumula um grande know-how em comportamento do consumidor. Aliado a esse conhecimento, reúne um grupo seleto de marcas competitivas e uma gestão altamente profissionalizada. Além disso, está investindo cada vez mais no desenvolvimento de novos formatos, que respondam não só ao perfil desse novo consumidor, mas também levem os shoppings a novas praças e regiões que ainda não são atendidas por esses equipamentos de varejo moderno.
É claro que, assim como há varejistas que são mais especializados em comércio de rua do que em shoppings, as empresas sempre terão um canal de maior importância no seu faturamento. Mas o surgimento de um novo formato não significa o desaparecimento de outro. Pelo contrário. A evolução de um canal costuma provocar a melhoria dos demais. Em síntese, o desenvolvimento das diferentes formas de comércio, seja com o crescimento do e-commerce, seja com a evolução da indústria de shoppings, termina fortalecendo o varejo como um todo.